1 - INTRODUÇÃO

As questões ambientais que hoje atravessamos são qualitativa e quantitativamente diferentes de qualquer coisa acontecida antes, e, como preceitua Paul Kenned (Kenned, 1993), "tantas pessoas vêm causando danos ao ecossistema mundial neste século que esse sistema como um todo - e não apenas suas várias partes - corre perigo". A modernidade dentro de sua promessa de "aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas a seu redor (...) é ao mesmo tempo ameaça a tudo que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos" (Berman, 1988). Nesse sentido a questão ambiental evoca as conseqüências problemáticas da modernidade e da dinâmica capitalista. Vários são os problemas ambientais que hoje enfrentamos, e a maneira como se dá esse enfrentamento, seus instrumentos, políticas, toda a dinâmica movimentada na busca de seu enfrentamento fazem parte das grandes questões do nosso tempo.

Os problemas ambientais surgem porquê cada vez mais pessoas exigem padrões de vida mais altos com tecnologias mais baratas, mesmo que os subprodutos involuntários incluam a degradação dos solos, os poluentes tóxicos, a extinção de espécies animais ou a alteração climática. Antes de tudo devemos ver a Terra e nosso sistema socioeconômico como um sistema único. À medida que expandimos nossa compreensão sobre os sistemas que controlam o meio ambiente, suas infinitas interligações e soluções potenciais se consolidarão. O levantamento e descrição de Sistemas e Geossistemas Naturais é uma forma de consolidar este conhecimento pois ele pode dar a interrelação necessária ao conhecimento científico de um lugar, isto é, através dele pode-se ter noção da capacidade/potencialidade do meio natural como suporte às necessidades humanas.

Por outro lado uma crescente conscientização acerca da questão ambiental surge como a possibilidade de dar impulso à realização do antigo desejo de um grande número de geógrafos que é fazer a síntese da relação Homem/Meio, procurando dar fim à posição ambígua dessa ciência que, como afirma Gonçalves (1995), "nem se definiu como uma ciência natural, nem, tampouco, como uma ciência social", pois não restam dúvidas que os problemas ambientais não são exclusivamente de ordem natural ou cultural, mas um conjunto de fatores onde o Homem e a natureza não podem ser tomados como pólos excludentes.

1.1 - OBJETIVOS:

O estudo tem por objetivo um mapeamento dos Sistemas Naturais da porção Sul da Regional Barreiro, no município de Belo Horizonte, para melhor conhecê-la dentro de suas interações e conexões. É nesta região que são encontradas as maiores elevações e o maior potencial aqüífero do município, alem de possuir as reservas naturais da COPASA e do Rolamoça. Também são constantes os atos de agressão ambiental devido à ação das mineradoras e à especulação imobiliária.

Não basta no entanto ter o conhecimento sem saber o que fazer com ele. Diante das informações aqui contidas pretende-se entender melhor parte do meio-ambiente do município de Belo Horizonte para seu melhor aproveitamento ou preservação.

1.2 - JUSTIFICATIVA:

A regional onde se encontra a área objeto deste estudo, de acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), possui o dobro do índice mínimo de áreas verde (12m²/hab) determinado pelo projeto do plano diretor de Belo Horizonte, mas é também nesta regional que se encontram grandes problemas de poluição atmosférica provenientes principalmente das indústrias ali e a seu redor instaladas e à má distribuição espacial de suas áreas verdes.

O que contribui em muito para o alcance deste bom índice de área verde/habitante, apontado pela SMMA, é principalmente devido à sua região sul/sudeste onde encontra-se a maior, em área contínua, e uma das últimas do município, zonas de preservação ambiental, com características vegetais, geológicas e geomorfológicas de uma área de transição entre o quadrilátero ferrífero e o a zona do cerrado mineiro. Fatores como esse fazem com que a região mereça um estudo pormenorizado afim de melhor conhecê-la dentro de suas interações e conexões.