5 - RESULTADOS

 

5.1 – DECLIVIDADE

 

Das 4 classes de declividade delimitadas em toda a Regional Barreiro, encontrou-se, na área estudada, 3 classes que são: D1, com predomínio de declividades acima de 30%, D2, predomínio das declividades entre 15 a 30%, e D4 onde predominam as declividades menores que 5%. A classe D3, com predomínio das declividades entre 5 e 15%, não foi encontrada dentro da área estudada. A maior parte da área, como pode ser visto na figura 11, encontra-se nas classes D1 e D2, demonstrando grande variação altimétrica, sendo que a classe D4 somente foi encontrada em uma pequena extensão ao Sul da região.

Fig. 11 – Mapa das classes de declividade

 

5.2 - VEGETAÇÃO

 

A vegetação da área, de acordo com o mapa de vegetação elaborado pela Prodabel (1993) se dividem em dois tipos, Matas e Cerrado-Campos-Capoeira. Uma observação no local e uma análise do Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Instituto Estadual de Florestas (IEF, 1996), demonstrou basicamente a presença, das Matas e dos Campos de Altitude, como pode ser visto na foto aérea da região (fig. 12).

Fig. 12 – Vegetação da Serra do Curral

Fonte: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

 

Na visita ao local estudado constatou-se a presença de vegetação de Cerrado e de Capoeiras, mas sua localização é muito restrita e pouco relevante para o objetivo deste estudo.

 

5.3 – GEOLOGIA

 

A geologia, como pode ser visto na figura 13, está toda ela inserida na dentro da seqüência sedimentar do Supergrupo Minas, grupos Piracicaba e Itabira. É caracterizada, de acordo com Silva (1993), pela diversidade litoestrutural e morfológica e o relevo acidentado.

Dentro do Grupo Piracicaba encontram-se as maiores reservas de águas subterrâneas da região, apresentando também grande instabilidade das encostas devido a fatores litoestratigráficos e estruturais, sendo vistos deslizamentos de encostas, mesmo estando a vegetação preservada. O grupo possui as formações Barreiro e Fecho do funil, onde predomina o Filito, e as formações Cercadinho e Taboões onde predominam os quartzitos.

O Grupo Itabira, embora distribuído por uma área maior, possui menor diversidade litológica. As formações Gandarela e Cauê são presentes em seu interior, com predomínio do filito dolomítico e do Itabirito.

Também foram encontrados em quantidade significativas formações superficiais de Canga e Laterita, que são concreções ou crostas ferruginosas.

Fig. 13 - Mapa Geológico da região estudada

Fonte: Adaptado de Silva (1993)

 

5.4 – SISTEMAS NATURAIS

 

Encontrou-se na área estudada três unidades paisagísticas delimitadas como sendo os Sistemas Naturais do conjunto que são: Serra, Colinas e Fundo de Vale, isso devido às suas características próprias claramente discerníveis e relevantes no conjunto analisado, como pode ser observado na figura 14.

Fig. 14 – Sistemas Naturais

 

 

5.4.1 – SISTEMA NATURAL SERRA

 

Com altitudes que variam de 1150 a 1450 metros é formado pelas cristas ou topos e as encostas das conhecidas localmente Serra da Mutuca e Serra da Água Quente, que são partes da Serra do Curral que delimita todo o Sul do município de Belo Horizonte.

Quase toda a área do Sistema Natural Serra possui declividade acentuada, classificada como D1, com exceção de uma pequena parte de sua região Sul onde se encontram níveis de declividade D2.

A porção Norte do Sistema Serras teve sua vegetação natural em boa parte destruída ou alterada pela presença local do Bairro Olhos D’água e de mineradoras. Em sua região Centro/Sul são encontrados basicamente vegetação do tipo Campo Natural de Altitude com a presença de algumas poucas Matas, principalmente de galeria e de encostas.

Quanto à geologia o Sistema está em sua maior parte inserido dentro do Grupo Itabira, que de acordo com a com Silva (1995), é dominado pela formação Gandarela, (predomínio dos Filitos dolomíticos com intercalações de dolomito micáceo) e pela formação Cauê, onde ocorre a presença do Itabirito silicoso, Itabirito hematítico e filito hematítico. Em algumas partes do sistema, principalmente em sua porção Sul, encontra-se uma importante formação superficial de Canga ou Laterita que é um termo regional para concreções ou crostas ferruginosas (Guerra, 1993).

 

5.4.2 – SISTEMA NATURAL COLINAS

 

Formado basicamente por uma seqüência de morros ou colinas presentes na região Oeste desta área de estudo, possuem altitudes que variam de 1150 a 1300 metros. É a região pesquisada onde a presença e alteração antrópica mais se mostra acentuada, com loteamentos e a ação de mineradoras, algumas delas já abandonadas mas sem que tenham sido feitos trabalhos de recuperação da área degradada.

Todo o Sistema está inserido nas classes de declividade D2 e D4, sendo que este último nível se limita a uma pequena parte de seu extremo Sul, coincidindo com a região onde ocorrem os loteamentos mais recentes.

A área Sul do Sistema tem a vegetação basicamente formada por Campos de altitude. Já e seu lado Norte a vegetação está bem mais alterada pela ação antrópica, tendo no entanto alguns resquícios da vegetação de campos e duas pequena áreas de Matas de Galeria, já quase que totalmente destruídas pela ocupação imobiliária.

Quanto ao aspécto Geológico está basicamente localizado dentro do Grupo Piracicaba, de forma linear Norte/Sul, com as seguintes formações, de acordo com Silva (1995):

 

5.4.3 – SISTEMA NATURAL FUNDO DE VALES

 

É o Sistema de menor extensão dentre os três tipos encontrados no estudo. Devido fundamentalmente à geomorfologia da área os Fundos de Vales são de maneira geral encaixados em V. Os Vales estão basicamente formados pelas cabeceiras ou nascentes de alguns rios com altitudes que variam aproximadamente de 1041 a 1160 metros.

A maior parte do sistema se encontra no nível de declividade D2, sendo que apenas em pequenas porções a Oeste de seu território se encontram com o nível de declividade D1.

Basicamente toda vegetação é formada por Matas de Galerias ou Ciliares, possui no entanto um pequeno trecho onde podem ser encontradas as formações de Campos de Altitude.

Está presente tanto dentro do Grupo Piracicaba quanto dentro do Grupo Itabira. Possui pequenos trechos que atravessam as Formações Barreiro, Taboões, Fecho do Funil e Cercadinho, quando dentro do Grupo Piracicaba, e também passa pelas formações Gandarela e Cauê, quando dentro do Grupo Itabira, possuindo assim formações geológicas das mais variadas e com as características inerentes a essas formações descritas nos Geossistemas Serra e Colinas.

 

 

5.5 –SUBSISTEMAS

 

 

Com a sobreposição dos mapas de Sistemas Naturais (S = Sistema Natural Serra, C = Sistema Natural Colinas, F = Sistema Natural Fundo de Vale) Declividade (D1 > 30%, D2 entre 15 e 30%, D4 < 5%), Vegetação (Ma = Matas, Ca = Campo de Altitude, Sv = Sem Vegetação) e Geológico (Pi = Grupo Piracicaba, It = Grupo Itabira, Lt = formação superficial de Canga e Laterita), chegou-se ao mapa de Subsistemas da área de estudo. Foram encontrados 34 subsistemas (fig. 15 ), divididos pelos seus símbolos, já descritos na tabela 4, como por exemplo: Subsistema 1 (SD1MaIt) = sistema natural de Serra, com declividade alta (D1), vegetação de Matas sobre o Grupo Itabira.

Subsistema

Subsistema

1 SD1MaIt 18 CD2MaLt
2 SD2MaLt 19 CD2CaIt
3 SD2MaIt 20 CD2CaIt
4 SD2MaIt 21 CD2SvPi
5 SD1MaIt 22 CD2SvLt
6 SD2CaIt 23 CD2CaPi
7 SC2CaIt 24 CD2CaIt
8 SD2SvLt 25 CD2SvIt
9 SD1SvLt 26 CD2SvIt
10 SD1CaIt 27 CD2MaPi
11 SD2CaIt 28 CD2CaPi
12 SD2CaLt 29 CD4CaLt
13 SD1CaLt 30 FD1CaIt
14 SD1SvIt 31 FD2CaIt
15 SD2CaPi 32 FD2MaIt
16 SD2MaPi 33 FD1MaIt
17 SD2SvPi 34 FD2MaPi

Fig. 15 – Subsistemas da Área de Estudo

 

 

Existe, como pode ser observado no Mapa de Sistemas e Subsistemas Naturais do Barreiro (Fig. 16), um claro predomínio, dentro do Sistema Serra, da formação SD1CaIt, demonstrando grande variação altimétrica, predomínio da vegetação de Campo de Altitude dentro da Classe Itabira. Ao Norte da área observa-se uma variedade maior de subsistemas, em sua maior parte sem vegetação, principalmente devido à ação antrópica que afeta até mesmo as áreas de maior altitude e declividade, o que, juntamente com a geologia do lugar, é desaconselhado para a ocupação tanto residencial quanto industrial. No extremo Sul do Sistema Serra também são encontrados diversos subsistemas, mas neste caso a ação antrópica ainda é pouco significativa, sendo essa diversidade sistêmica devido principalmente à formação superficial de Canga e Laterita do terreno.

No Sistema Colinas a formação de maior destaque é a MD2CaPi, que mantém características de declividade acentuada. A área possui focos de ocupação humana, embora a região esteja dentro da área de preservação determinada por lei municipal. Sua litologia desaconselha a ocupação tendo em vista os riscos de deslizamentos constantes mesmo na área onde a vegetação está preservada. Ao Norte do Sistema Colinas está a região deste estudo mais afetada pela ação humana. É neste local que se encontra o bairro Olhos D’água e seu distrito industrial que juntamente com as mineradoras alteraram significativamente sua estrutura natural. É importante salientar que a declividade desse distrito industrial (acima de 5%) está fora do "limite urbano-industrial, utilizado internacionalmente, bem como para trabalhos de planejamento urbano efetuados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo – IPT e da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo - EMPLASA" (Jardim, 1995).

O menor sistema natural encontrado na área estudada é o Fundo de Vale, possivelmente devido ao relevo acidentado que predomina em toda a região. No caso estudado o fundo de vale é encaixado em V, com grande variação altimétrica e em sua maior parte acompanhado por uma vegetação de matas de galeria ou ciliares. Atravessa as formações Piracicaba e Itabira mas não são encontradas um sua área formação superficial de Canga. É uma área legalmente preservada onde não foram encontradas alterações antrópicas significativas.

 

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