2 – DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

 

2.1 - BELO HORIZONTE – ASPECTOS GERAIS

 

Projetada para ser a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte foi criada em 12 de Dezembro de 1897 sob a concepção positivista vigente no final do século passado, seus projetistas previam que a nova cidade atingiria 200 mil habitantes ao completar 100 anos. Atualmente Belo Horizonte é o núcleo de uma região metropolitana formada por 24 cidades, que abrigam mais de 3 milhões de habitantes onde o crescimento urbano, a saúde pública, a pobreza e o lixo são problemas graves que devem ser estudados e combatidos.

O município de Belo Horizonte possui uma área de 335 km2, sendo delimitado pelas latitudes 19º 46’ 35’’ e 20º 03’ 34’’ sul e pelas longitudes 43º 51’ 47’’ e 44º 03’ 47’’ oeste (Silva, 1995), possuindo uma população de 2.016.253 habitantes (IBGE, 1991) que se espalham por 8 (oito) regionais administrativas como pode ser observado na figura 1.

Fig. 01 – Município de Belo Horizonte

Fonte: Adaptado do Plano Diretor de Belo Horizonte (1995)

 

O território do município de Belo Horizonte exibe excepcional variedade do ponto de vista de sua constituição geológica e consequentemente uma ampla diversidade de aspectos fisionômicos ou geomorfológicos (fig.02). A esta diversidade de constituição e de cenários corresponde igualmente uma diversidade de comportamentos do terreno em face da intervenção humana e também uma diversidade em relação à riqueza mineral associada.

Quanto à geologia do município temos, em Belo Horizonte, aproximadamente 70% do seu território, principalmente a parte norte da calha do ribeirão Arrudas, sobre o Domínio do Complexo Belo Horizonte, onde predominam as rochas gnáissico-migmatíticas. Existem nas formações superficiais um solo que apresenta espessura e evolução pedológica variadas, além de depósitos aluvionares associados aos principais cursos d’água.

A Geomorfologia do Domínio do Complexo Belo Horizonte está dentro da unidade Depressão de Belo Horizonte. Possui um relevo caracterizado por espigões, colinas de topo plano a arqueado e encostas policonvexas de declividades variadas nos flancos dessas feições e nas transições.

Fig. 02 – Mapa Geológico – Geomorfológico de Belo Horizonte

Fonte: Plano Diretor de Belo Horizonte (1995) p.20

 

Na área ao sul da calha do ribeirão Arrudas, região onde se encontra o objeto deste estudo, temos o Domínio das Seqüências Metassedimentares, tendo como suas mais notáveis características a diversidade litológica e o relevo acidentado principalmente na serra do Curral que vem a ser o limite sul do município. Abarca ainda uma sucessão de camadas de rochas de composição variada, representadas por itabiritos, dolomitos, quartzito, filitos e xistos diversos, de direção geral nordeste-sudoeste e mergulho para sudeste.

Sua Geomorfologia é parte integrante do Quadrilátero Ferrífero, tendo sua fisiografia serrana estreitamente ligada a uma relação entre os atributos geológicos (litologia + estrutura) e as formas de relevo. As camadas de itabirito da Formação Cauê, protegidas da erosão pelo seu laterito, formam a crista e a parte superior da escarpa sub-vertical da serra do Curral, possuindo altitudes que podem chegar a 1500m (fig.03). Em seus dois terços inferiores a serra é predominada por dolomitos e filitos dolomíticos da Formação Gandarela - rochas menos resistentes ao intemperismo - originando áreas mais aplainadas com espessa cobertura laterítica.

Fig. 03 – Zoneamento Altimétrico de Belo Horizonte

Fonte: Plano Diretor de Belo Horizonte(1995) p.22

Temos uma segunda faixa com cristas entre 1100m a 1300m de altitude onde distribuem-se nas áreas de ocorrência da Formação Cercadinho, que é caracterizada por uma sucessão de cristas de quartzito intercaladas com patamares suavizados de filito. A cobertura é ausente nos quartzitos, ou do tipo litossolo pouco espessos, nos filitos. São comuns os depósitos de vertentes com grande quantidade de blocos de quartzito. Espigões, feições côncavas do tipo anfiteatro e morrotes com declividades às vezes acentuadas, ocorrem em áreas de filitos e xistos da Formação Sabará. As formações superficiais consistem, fundamentalmente, de canga e depósitos aluvionares laterizados. Depósitos coluvionares e de talus são de ocorrência localizada, embora de grande relevância geotécnica.

No tocante ao aqüífero ele é heterogêneo, com espessura variável e de baixa produtividade. As rochas metassedimentares do Supergrupo Minas formam uma seqüência de aqüíferos sobrepostos com características hidrogeológicas diversas, que proporciona a existência de vários aqüíferos confinados localmente e com circulação e armazenamento profundo. Os principais aqüíferos do Supergrupo Minas que ocorrem no território de Belo Horizonte são os do Grupo Piracicaba, representados pelos quartzitos. Dentro do domínio dos metassedimentos, tem-se o mais importante aqüífero do Quadrilátero Ferrífero, localizado nos Itabiritos da formação Cauê.

Quanto às áreas verdes pode-se afirmar que se temos hoje uma relação área verde/habitante considerada boa, cálculos da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) mostram um índice, em 1992, de 27,15m2/habitante, também é verdade que estas áreas estão distribuídas de maneira desproporcional dentro dos limites do município.

Variam substancialmente, em Belo Horizonte, as relações de área verde/habitante dentro de suas diversas regionais administrativas. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente elaborou, conforme pode ser visto na tabela 01, o seguinte quadro de índice de área verde estimada por regional administrativa.

 

Regional

Pop. 1991 (hab.) I.A.P.A. (m2/hab.) I.A.V.T. (m2/hab.)
Barreiro 219.873 5,28 24,47
Nordeste 248.406 2,50 8,73
Noroeste 338.753 0,35 3,63
Pampulha 106.330 5,35 17,54
Centro-Sul 249.862 26,14 27,83
Leste 251.119 11,88 16,10
Oeste 249.059 2,77 6,92
Venda Nova 198.475 0,11 5,50
Norte 153.821 8,70 12,47
Total 2.015.698 7,01 13,68

Tabela 01 – Índice de área verde/habitante por regional administrativa do município de Belo Horizonte - MG

Fonte:– Índice de área verde da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (1992) p.8

 

 

A metodologia para o cálculo desses índices é bastante controversa e a lei orgânica de BH não definiu com clareza seus critérios: se utiliza apenas os parques e praças de uso coletivo, se toda área coberta por vegetação, seja de propriedade e acesso privado ou público ou a questão metodologica de cálculo para a área ocupada pelas árvores nas ruas.

 

2.2 - A REGIONAL BARREIRO

 

Sua formação teve início anteriormente à própria fundação de Belo Horizonte, aliado à distância da região ao centro tradicional propiciou certa autonomia tanto no setor de serviços como na vida sócio-cultural, exercendo papel de centro regional. A Regional Barreiro não possui ligação direta com o centro da cidade, é separada da Regional Oeste pelo Anel Rodoviário e permanece predominantemente industrial, com população operária (IBGE/PNAD, 1996).

A região do Barreiro, de acordo com o censo de 1991, foi a que obteve o maior crescimento populacional na década de 1980, dentre todas as regionais de Belo Horizonte. Durante esse período a área foi ponto de convergência para a implantação de conjuntos habitacionais voltados principalmente à população de baixa renda.

A indústria é a marca da região, tanto pela conurbação com a cidade industrial Juventino Dias, pela Mannesmann, o distrito industrial do Jatobá, quanto pelas novas áreas industriais do Olhos D’água. O bairro das Industrias é uma área basicamente ocupada por operários, uma vez que situa-se ao lado da Mannesmann. No Barreiro de Baixo encontra-se o centro principal da região, o comércio e serviços se concentram nas Avenidas Sinfrônio Brochado, Olinto Meireles, a rua Visconde de Ibituruna e suas transversais. Em termo gerais os centros do Barreiro estendem-se linearmente, seu desenvolvimento se dá ao longo das ruas e avenidas, onde a concentração de atividades é mais expressiva, representando os locais onde a sociabilidade acontece. A área possui fortes atrativos, reunindo não só a população local mas como a da região como um todo.

Existe em sua parte sul/sudeste uma grande área vazia onde estão as áreas rural e de preservação, com trechos pertencentes ao perímetro de tombamento da Serra do Curral, ao sul da região, delimitada pela via férrea, se estendendo até os limites sul e sudeste – inclui áreas de matas e de proteção de mananciais.

A Regional Barreiro é formada por 8 (oito) sub-regiões, 30 (trinta) bairros (figura 04 ) além de um grande número de vilas e conjuntos

 

LOCALIZAÇÃO

BAIRROS VILAS E CONJUNTOS

01

Mannesmann

Bairro das Industrias

Alta Tensão I e II (parte)

02

Durval de Barros

Lindéia

Regina

Washington Pires

Tirol

Tirol I, II, III (parte)

Piratininga

Marieta I e II

03

Barreiro de Baixo

Olaria

Teixeira dias

Santa Helena

Diamante

Tirol I, II, III (parte)

Presidente Vargas

Atila de Paiva

04

Milionários]

Barreiro de Cima

Flávio Marques Lisboa

Araguaia

Vila Cemig

Alta Tensão I e II (parte)

C. H. Bom Sucesso

Vila Nova dos Milionários

Copasa

Cemig

05

Jatobá

Vale do Jatobá

Independência

C. H. Jatobá IV

Antenas

Independência I, II, III e IV (parte)

C. H. Jatobá I, II (parte) e III

06

Santa Cruz

Cardoso

Getúlio Vargas

Urucuia

Pangelupe

C.H. Jatobá II (parte)

07

Olhos d’água Independência I, II, III e IV (parte)

08

Pilar (sul do anel)

Zona Rural (Serra do Curral)

 

Fig. 04: Principais Bairros, Vilas e Conjuntos Habitacionais da Regional Barreiro

Fonte: Plano Diretor de Belo Horizonte (1995) p.82

2.3 – Localização da Área

 

A área de abrangência deste trabalho, como pode ser visto na figura 06, se dará dentro do município de Belo Horizonte, na área ao sul da Regional Barreiro, abrangendo o bairro Olhos D’água e sul do bairro Pilar. Também fazem parte da área a reserva ecológica do Cercadinho (Copasa) e parte da reserva da Mutuca (IEF/MG). Os limites da área coincidem geologicamente com a seqüência sedimentar Paleo-Proterozoica dentro do supergrupo Minas, grupos Piracicaba e Itabira, que fazem parte da regional Barreiro.

Figura. 06 – Localização da área de estudo

Fonte: Adaptado do Plano Diretor de Belo Horizonte (1995) p.69